Thelema, palavra grega que significa "vontade", é um sistema religioso, que se baseia em uma lei filosófica, desenvolvido no começo do século XX pelo escritor inglês Aleister Crowley, incorporando elementos míticos e filosóficos, ao mesmo tempo que humanistas e de diversas religiões não patriarcais.
O sistema foi reconhecido pelo Reino Unido como uma religião em 2009.
Crowley apropriou-se do conceito de "Lei Filosófica".
Em filosofia clássica este conceito é relativo a um axioma ou postulado tão bem estabelecido, ou tão auto-evidente, que é facilmente aceito sem controvérsia.
Por outro lado, em lógica moderna é uma postulado que inicia determinado raciocínio.
Embora Crowley pretenda que a base do sistema thelemico seja auto-evidente, o uso para a formulação do sistema parece ser mais próximo do segundo caso, uma vez que seu postulado exige explicações e justificações para que seja aceito.
Para o sistema thelemico este postulado se apresenta na forma "Do what thou wilt shall be the whole of the Law. Love is the law, love under will", normalmente traduzido como "Faze o que tu queres será o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade".
Esta formulação, conhecida como Lei Thelemica, é entendida como a afirmação de que a manifestação da verdadeira vontade é o caminho para a vida plena e autodeterminação.
A "verdadeira vontade" é entendida como aquela que se manifesta em cada pessoa após superados os vícios e desejos efêmeros, que conduzem os indivíduos a erros e comportamentos destrutivos.
Neste sentido o sistema thelemico se aproxima de alguns movimentos filosóficos que se apresentam como modo de vida. Entre estes podemos citar o sistema estoico, cujos praticantes acreditavam que vontade livre humana deveria estar em conformidade com a natureza.
Seu maior legado é o ensino do autocontrole e da força moral como o meio para entender a razão universal.
Para o sistema thelemico contemporâneo, a vontade livre deve estar de acordo com o amor, mas, diferente do sistema estoico, reconhece em cada indivíduo uma vontade diferente, que define sua natureza individual.
Nas obras de Crowley no entanto a verdadeira vontade aparece por vezes com a manifestação pura da vontade divina, enquanto em outras vezes é apresentada como mais próxima de uma forma de auto-realização pelo esforço pessoal, independente da existência ou não de qualquer divindade.
Embora se apresente como um sistema baseado em filosofia, Thelema incorpora muitos elementos de superstição, alquimia e magia, concentrando-se no auto-aperfeiçoamento por meio de práticas ocultistas não justificadas filosoficamente, muitas vezes com formulações dogmáticas elaboradas ou compiladas por Aleister Crowley.
Por esta razão, thelemistas contemporâneos procuram aproximar o sistema o máximo possível de um sincretismo entre filosofia e religião, rejeitando ideias fundamentalistas e dogmáticas introduzidas por Crowley em suas obras.
Atualmente praticamente toda a obra de Crowley é recusada pelos thelemistas, incorporando apenas os conceitos por ele apresentados, mas recusando o grande panteão de divindades e, em alguns casos, inclusive a sua principal obra, o Livro da Lei.
Nesta direção, a Thelema Society da Alemanha incorpora ainda elementos da filosofia de Nietzsche, Heidegger, Charles Sanders Pierce e do sociólogo Niklas Luhmann.
Thelema inclui uma ética baseada na ideia de que o crime viola a lei thelemica da vontade e deve ser repudiado.
A ética thelemica é baseada em quatro pilares:
Juntos, estes quatro pilares indicam que a lei thelemica deve ser utilizada ao tratar de toda e qualquer questão ética, incluindo desde o uso de recursos naturais, relacionamento com outros seres humanos e decisões individuais.